domingo, 12 de fevereiro de 2012

Arte e Educação

Estão rolando no Face 2 imagens sobre as quais podemos pensar algumas coisas:



Resolvemos fazer este post numa tentativa de expandir o tema. Este tipo de discussão é bastante comum  dentro das portas das universidades, mas pouco se fala sobre educação, arte e cultura (de forma aprofundada) fora deste contexto.

Como bons brasileiros que somos, em festas e situações sociais discutimos política, futebol e religião. Mas quem está preocupado com a educação, por exemplo?

Já notaram o quanto estes temas são ausentes da vida da maioria das pessoas?

Tomando como ponto inicial o quadrinho azul, ali em cima, com a frase do Freire. Acreditamos fortemente, aqui no Grupo Neelic, que se nosso país investisse mais em educação do que em todas as outras coisas, possivelmente uma parte significativa dos problemas sociais que enfrentamos seriam resolvidos. Afinal, uma pessoa que teve uma educação de excelência sabe que tem DIREITO À SAÚDE em nosso país, sabe que pode gerar trabalho para si de diversas formas, não ficando à mercê dos problemas de DESEMPREGO, sabe que tem DIREITO À SEGURANÇA, e por aí vai.

Mas acontece que não é do interesse da elite e do poder que a grande maioria da população tome ciência destas coisas - e por isso não se investe em educação e cultura (a arte entra aqui como forma de desenvolvimento cultural). Uma pessoa que tem seu pensamento fortemente desenvolvido, afinal de contas, não se deixa manipular. E se não se deixa manipular, sabe que não pode simplesmente votar nos políticos que temos e achar que está tudo bem. E se não está tudo bem, esta pessoa toma atitudes para que fique tudo bem, afinal, este é o país onde mora. E aí... já pensou se todos os habitantes do Brasil resolvessem perceber que não está tudo bem e realmente fazer algo a respeito? É bastante utópica esta possibilidade, mas é notório que mesmo assim é uma possibilidade muito temida. Daí a falta de investimento real em educação no nosso país.

Na França, por exemplo, os professores recebem salários que significam oito vezes o valor que os professores brasileiros. Na frança os shows de música internacionais, por exemplo, custam 1/5 do valor que custam aqui. Você já se perguntou o motivo de eventos artísticos de grande porte serem tão inacessíveis à maioria das pessoas por aqui?   

Especificando a discussão, tomemos o quadrinho preto, ali em cima, abaixo do azul. Ele fala sobre a arte nas escolas. Você já se deu conta que a arte nas escolas muitas vezes é trabalhada por professores de ensino religioso, ou de português? Pessoas que não têm a qualificação necessária e muitas vezes traumatizam seus alunos com "fichas de leitura encenadas", mas sem ter noção de como trabalhar com teatro na escola. A direção, os professores e grande parte dos pais, só querem ver suas crianças vestidas de Ave-maria e José no fim do ano, em bizarras comemorações natalinas, e não percebem que seus filhos muitas vezes ficam se escondendo atrás de outras crianças, sofrendo por estarem sendo expostas em um palco para o qual não foram preparadas. 

Minha gente, uma única afirmação, de quem pode fazê-la: isso não é, nunca foi, nunca será teatro na escola. Os professores de teatro levam quatro anos, para quem não sabe isso, se preparando para o ambiente pedagógico necessário. Professores de outras áreas não têm esta capacitação. Crianças não devem ser expostas desta maneira. O aprendizado em teatro na escola é outra coisa muito diferente. Ele se dá no dia-a-dia, em jogos pedagógicos na sala de aula, que têm objetivos muito bem elaborados por quem se preparou para isso. Para possibilitar que estudantes se desenvolvam através do teatro. Não para expôr e traumatizar. Crianças, jovens e adultos que fazem aulas de teatro (com professores qualificados) têm um processo cognitivo melhor do que outras ao longo de suas vidas. Aprendem valores como cooperação, na contramão da competição. A cooperatividade garante maiores sucessos na vida do sujeito do que a competição. Mas nada disso tem a ver com obrigar uma pessoa a estar no palco. Isso se dá no seio de um ambiente de confiança onde são feitos exercícios - entrar em cena deverá ser sempre uma consequência deste processo, e uma escolha individual.

Sem mais por enquanto, pois os argumentos, questionamentos e pontos a se rever são tantos que aqui não cabem, lembramos que o Grupo Neelic, além do trabalho profissional com espetáculos de teatro, mantém uma escola de teatro, a Escola de Teatro do Grupo Neelic. Estes temas nos importam porque estamos sempre pensando e repensando nossa arte e nossos métodos.

Fique à vontade para nos enviar materiais, participar de nossas discussões, enfim, colaborar de alguma forma. Abraços e até a próxima!