segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Notícias da nossa Escola de Teatro: começa amanhã o 1° Encontro na Cena!


Olha aí, pessoal. Notícias fresquinhas de nossa Escola de Teatro! 

Pra saber mais, leia abaixo.



1° Encontro na Cena


Estamos todos muito felizes, pessoal, com nosso primeiro evento anual.
Convidamos a todos que venham comemorar conosco!



            A Escola de Teatro do Grupo Neelic, presente há 09 (nove) anos na cidade de
Porto Alegre, celebra seu aniversário com o evento “Encontro na Cena”.

            Criado para ser uma mostra das atividades dos estudantes de teatro da
Escola, o “Encontro na Cena” vai de 04 a 06 de dezembro, sempre às 20h30min,
no Teatro Carlos Carvalho da Casa de Cultura Mario Quintana (2° andar).

            A ideia de “encontro” vem de um pressuposto trabalhado dentro de nossa
Escola, de que toda aula é uma celebração. Agora, em “Encontro na Cena”, nossa
confraternização envolve também o público, que poderá se divertir junto conosco
ao longo dos três dias de atividades.




            No dia 04, iniciamos o evento com apresentação do estudante
Christiano Buys, que compartilhará com o público músicas próprias ao som do violão.
Após, teremos um Sarau de Expressão Artística, no qual estudantes de diversas
turmas irão dividir com o público cenas de processos de criação de espetáculos que
irão estrear em 2013. 



           No dia 05, teremos apresentação do exercício cênico “O homem, a mulher
e o barquinho”, que consiste numa fábula adaptada para o teatro, na qual um homem,
para conseguir o que deseja, faz todos os esforços possíveis, provando que a
determinação é o que move o mundo e modifica as coisas. Enquanto isso, a mulher
com quem ele encontra no caminho decide deixar sua vida para trás e
acompanhá-lo em sua jornada, e ambos vão em busca da felicidade. 



                 Já no dia 06, o exercício cênico que será apresentado é “Declínio”, o
segundo espetáculo da Linha de Pesquisa em Atuação da Escola de Teatro do
Grupo Neelic. Este espaço foi criado para estudantes que já fizeram cursos conosco
e desejam se dedicar à pesquisas no âmbito das artes cênicas. “Declínio” é a história
de uma família que perde suas posses, e, consequentemente, sua posição social,
tendo que se adequar a uma nova realidade. Esta situação interfere na forma como
os membros da família se relacionam.




            Os ingressos para o “Encontro na Cena” custam R$ 20,00, com 50%
de desconto para artistas, estudantes e idosos. A venda de ingressos será na
bilheteria do próprio teatro, sempre uma hora antes de cada evento. 

Ficha Técnica:

Realização: Escola de Teatro do Grupo Neelic
Direção: Desirée Pessoa
Coordenação: Fabiana Montin
Produção: Pablo Corroche e Vanda Bress



Vem comemorar com a gente!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Últimos dias de Hallucination

Então, galera,

Estreamos e foram três ótimas apresentações semana passada. Agora, nos preparamos para fazer pra vocês as três finais.

Então, quem ainda não assistiu, corre pra Casa de Cultura, que é só hoje, amanhã e quinta!

Nunca esquecendo:


O QUÊ: Hallucination (espetáculo teatral do Grupo Neelic, segunda parte da Trilogia Sensível)
QUANDO: de 13 a 22 de novembro, terças, quartas e quintas, às 20h 
ONDE: Teatro Carlos Carvalho - Casa de Cultura Mario Quintana
QUANTO: R$ 30,00 - com 50% de desconto para classe artística, estudantes e idosos
MAIS INFO: (51) 9274.9933 / teatrodoneelic@gmail.com

A foto abaixo é de Kiran León! Na imagem, a atriz Vanda Bress.



Últimas vagas para o curso especializado em Brecht, com Desirée Pessoa!!!



Pessoas!!!

Últimas vagas para quem se interessa em "desbravar" o universo brechtiano, e participar de uma montagem que trabalhará os preceitos deste célebre diretor alemão, que revolucionou o teatro do séc. XX.

O curso será com Desirée Pessoa, que tem vasta experiência e conhecimento na obra do autor.




Curso "Mestres do Teatro: Bertolt Brecht"
Curso específico para pessoas interessadas em estudar, nos âmbitos da teoria e da prática, o grande diretor alemão que revolucionou a história do teatro no século XX.



" Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida. Estes são imprescindíveis." Bertolt Brecht.

PÚBLICO-ALVO:
Todos os interessados a partir dos 16 (dezesseis) anos, com ou sem experiência em teatro.

METODOLOGIA:
O curso é composto de 12 (doze) meses de aulas práticas, teóricas e  seminários, e uma montagem  de espetáculo ao final aberto a público e amplamente divulgado na imprensa de grande circulação impressa e virtual, e a participação nos Saraus de Livre Expressão Artística do Neelic.

CONTEÚDOS:
Aulas de expressão corporal; expressão vocal; improvisação; jogos dramáticos e teatrais; jogos didáticos brechtianos; aulas de atuação cênica; vivências coletivas com exercícios de teatro e dança contemporânea e experimentações com performances. Aulas de História do Teatro no Século XX e seminários sobre Bertolt Brecht.

EXCLUSIVIDADES DO CURSO:
Material didático impresso e virtual gratuito;
Certificado de conclusão gratuito.

PROFESSORA:
Desirée Pessoa (Atriz, Diretora e Pesquisadora Teatral, Mestra em Artes Cênicas da UFRGS, Professora de Teatro Licenciada UFRGS, Diretora do Grupo Neelic).

COORDENAÇÃO:
Fabiana Montin (Atriz e Oficineira de Teatro do Neelic, Bacharel e Licenciada em Filosofia PUCRS).

TURMA DISPONÍVEL:
Neste ano de 2012, haverá vagas apenas para uma turma, cujo horário de aulas será:
Terças-feiras, das 19h às 22h.

LOCAL DAS AULAS:
As aulas deste curso ocorrerão no HPSP. As entrevistas seletivas e inscrições ocorrem na Usina do Gasômetro, e devem ser agendadas antecipadamente.

COMO SE INSCREVER:
Por e-mail ou telefone, através dos contatos do Neelic, disponíveis no link Contato.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Hallucination - Bastidores e frio na barriga pra estreia HOJE!!!

Gente, 

Como já imaginam, o nervosismo agora só aumentará até o fim da nossa primeira apresentação nesta cidade de Porto Alegre.

As atrizes estão em seus preparativos finais, com refinamentos de detalhes tanto na parte textual, que traz à cena a literatura de Marcel Proust e cenas inspiradas na vida e obra de Virginia Woolf, quanto nas movimentações de cena e modelagem vocal. 

A adaptação para outro teatro é sempre um trabalho rigoroso de detalhes. Até agora, ensaiávamos em nossa sede, no Hospital Psiquiátrico São Pedro (Condomínio Cênico do HPSP). Ontem, nos mudamos para o Carlos Carvalho, na CCMQ, e lá ficaremos até o fim da temporada. Trouxemos para cá algumas imagens, pra todo mundo saborear enquanto espera a chegada das 20h de hoje, nossa grande estreia.

Quem não pode ir hoje, ok, sem problemas, temos 6 apresentações. Uma das noites vai ter que dar, hehe.

Nunca esquecendo:

O QUÊ: Hallucination (espetáculo teatral do Grupo Neelic, segunda parte da Trilogia Sensível)
QUANDO: de 13 a 22 de novembro, terças, quartas e quintas, às 20h 
ONDE: Teatro Carlos Carvalho - Casa de Cultura Mario Quintana
QUANTO: R$ 30,00 - com 50% de desconto para classe artística, estudantes e idosos
MAIS INFO: (51) 9274.9933 / teatrodoneelic@gmail.com

As fotos são todas do Kiran León!


Desirée Pessoa (esq), diretora e idealizadora do projeto, e Isabel Sommer (dir), cenógrafa


Vanda Bress, atriz e idealizadora do projeto


Anelise Vargas (esq) e Vanda Bress (dir), atrizes 



Vera Junqueira, cenógrafa


Grupo Neelic e seus parceiros deste espetáculo, empenhados na montagem



Nossa força simbólica

  

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

"Hallucination" estreia em 13 de novembro! Imperdível!

Emocionante. Intenso. Belo. Hallucination! Estreia nesta terça-feira, 13 de novembro. 

Inspirado na vida e obra da autora britânica Virginia Woolf, o espetáculo fica em cartaz até dia 22 de novembro, sempre às terças, quartas e quintas-feiras, 20h, na Casa de Cultura Mario Quintana (Teatro Carlos Carvalho). 


Dirigido por Desirée Pessoa e interpretado por Anelise Vargas e Vanda Bress, conta com a trilha de Guilherme Sanches, operada ao vivo pelo músico.









O espetáculo é a segunda parte da Trilogia Sensível, preparada especialmente por ocasião do aniversário de 10 anos de trabalho do Grupo Neelic (Núcleo de Estudos e Experimentação da Linguagem Cênica). A cenografia é de Isabel Sommer e Vera Junqueira.





A criação de figurinos é de Rô Cortinhas, e a execução é do Acervo Cabide. A iluminação é de Carol Zimmer, e a preparação corporal e vocal é de Marcia Donadel.






As fotos do cartaz são de Luciane Pires. As fotos desta postagem são de Kiran León. A produção é de Fabiana Montin, Pablo Corroche e Guilherme Dal Castel. A criação dos vídeos é de Eduardo Cardoso.

Então é isso: nos vemos no teatro! De 13 a 22 de novembro, terças, quartas e quintas, na Casa de Cultura, sempre às 20h. Pegou? Qualquer coisa, liga pra nós, pelo (51) 9274.9933, ou manda e-mail pelo teatrodoneelic@gmail.com, ou pelo link de contato no site www.gruponeelic.com.  

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Hallucinando" na praia! (Estreia em novembro!!!)

Oi, pessoal!

Nosso ensaio de ontem foi definitivamente atípico. 
Para vivenciar um momento de infância inspirado na história de vida de Virginia Woolf, fomos à praia. 
Sim, estamos falando da criação da nossa nova peça, Hallucination. E sim, ensaiar uma peça de teatro pode ser ainda mais bacana do que o bacana que por si só é criar uma obra de arte.

Vanda Bress. Foto de Kiran León.

As atrizes, Vanda Bress e Anelise Vargas, estavam soltinhas, risonhas, brincalhonas, a despeito do vento fortíssimo que as confrontava. Mas teatro é assim mesmo: é encontro, é confronto, é superar limites e expectativas, pessoais e coletivas.
Com a criação de Hallucination estamos nos superando como grupo. Está sendo um processo belíssimo.

Anelise Vargas. Foto de Kiran León.

Nós, integrantes do Grupo estamos todos muito felizes e honrados da força de atuação que Vanda e Ane estão desenvolvendo, e que contagiará a todos os espectadores durante a temporada, cuja estreia será dia 13 de novembro!
A parceria com Guilherme Sanches, que fará a trilha sonora ao vivo, é fundamental! Será um belíssimo encontro do teatro com a música, temos certeza.
A entrega das atrizes a cada nova proposta, improvisação e refinamento de cena, comove a diretora Desirée Pessoa, que neste momento está contando os dias para a estreia.
Estamos muito, muito felizes. E temos certeza que tu também ficarás, ao assistir.

Vanda Bress (esq) e Anelise Vargas (dir). Foto de Kiran León.


As imagens desta postagem, todas, são de Kiran León, que há anos acompanha nosso trabalho e que também se supera a cada vez.
Nosso muito obrigado a todos os que embarcaram conosco neste sonho que é fazer teatro, neste permitir-se sair um pouquinho da realidade que é Hallucination!
Seguimos ansiosos na expectativa da estreia.
Evoé, Baco! 


terça-feira, 16 de outubro de 2012

O mergulho está fundo no reino da alucinação

Caros amigos, colegas, leitores,

Temos a honra de comunicar que o processo de pesquisa e montagem do espetáculo Hallucination, do qual já falamos no post anterior (inspirado na vida e obra de Virginia Woolf), está acontecendo de forma muito envolvente e profunda para nós.


Virginia Woolf





Fazemos descobertas e temos variadas emoções a cada ensaio, e poder compartilhar com vocês o ponto ao qual chegaremos é um momento que aguardamos ansiosamente.






Virginia Woolf

Envolvidos em marcações de cena, improvisações, elaborações, aprofundamentos, refinamentos, vamos ao mesmo tempo definindo figurinos, cenário, elementos cênicos, sons. 

Por falar em sons, notícia maravilhosa: Guilherme Sanches já se faz presente nos ensaios, e a trilha vai ficar um arraso! É sempre muito bom poder trabalhar com pessoas qualificadas.


Vanda Bress, atriz de Hallucination (Foto: Luciane Pires)
É o caso também de Marcia Donadel, que auxilia na preparação corporal e vocal das atrizes Vanda Bress e Anelise Vargas, e de Isabel Sommer, artista visual convidada pela diretora Desirée Pessoa para fazer o cenário. 







Virginia Woolf





Isabel assina o âmbito visual do espetáculo juntamente com Vera Junqueira, e as duas estiveram no nosso espaço de trabalho ontem, e já nos contagiaram com sua alegria e excelente qualidade de trabalho.
Anelise Vargas, atriz de Hallucination (Foto: Luciane Pires)
No mais, vamos andando. Aliás, vamos andando, criando, suando, pensando, sentindo, construindo, desconstruindo, revisando, refinando, percebendo, duvidando, decidindo, mesclando, mexendo...




Um viva à Virginia Woolf, cuja obra nos inspirou para a criação desta peça. Um viva para mulheres como ela, como a Pina, como Abramovic, que também nos inspiram durante o processo... 








A Trilogia Sensível é uma homenagem às mulheres contemporâneas. Hallucination, segunda parte da Trilogia, está chegando com tudo, e vai sem dúvida, transformar a quem partilhar dessa experiência conosco!


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vem por aí: Hallucination!

Oi, gente!

Estamos neste momento nos preparando para estrear a nova peça do nosso Grupo: "Hallucination".

Criada a partir da vida e obra de Virginia Woolf, "Hallucination" será a segunda parte da Trilogia Sensível. "O Homem no Corredor" será então a terceira parte, com estreia prevista para o ano que vem.




A inspiração na biografia da escritora britânica é uma homenagem a esta artista, na medida em que nossa Trilogia Sensível trata de questões da mulher contemporânea. 

O problema da opressão da mulher foi uma constante na obra da autora, que abordou com raro talento a psicologia feminina. Juntamente com os demais membros do Grupo de Bloomsbury, Virginia foi pioneira no movimento de renovação da cultura e das artes inglesas.

A abordagem da Trilogia Sensível à questão da mulher contemporânea não é linear, portanto, não se aflija se você não pôde assistir à primeira peça, "Portas do Invisível". Cada uma das três tem vida independente da outra. A composição da obra se dá na imaginação do espectador, que é livre para juntar as peças do quebra-cabeças e dispô-las como bem quiser. 

"Hallucination" é um espetáculo executado por Vanda Bress e Anelise Vargas, atrizes que fazem as funções, em cena, de Virginia e de sua irmã, Vanessa. A peça enfatiza a relação conturbada de ambas, que foi marca tão forte na vida da autora.



Nesta semana começamos uma série de postagens sobre "Hallucination" no Facebook do Grupo Neelic, então, se você usa esta ferramenta, poderá também acompanhar notícias da peça pela nossa página: http://www.facebook.com/neelicgrupodeteatro?ref=hl

P.S.: Especialmente neste processo de criação, é um privilégio muito grande podermos ensaiar nas instalações abandonadas do Hospital Psiquiátrico São Pedro, local onde o Grupo Neelic vem desenvolvendo sua obra nos últimos nove anos. 

Então, segue uma foto das meninas, que, com a direção de Desirée Pessoa, se divertem enquanto trabalham. A foto foi tirada por Luciane Pires.

À esq., Anelise Vargas, à dir., Vanda Bress. Foto de Luciane Pires.

Compõem a equipe da peça os integrantes do Grupo Neelic (Desirée Pessoa, Fabiana Montin, Vanda Bress, Anelise Vargas e Pablo Corroche), nossos parceiros oficiais, Eduardo Cardoso e Guilherme Dal Castel e nossa artista convidada, Marcia Donadel. O cenário é de Isabel Sommer e Vera Junqueira, o figurino é de Rô Cortinhas, e a trilha, de Guilherme Sanches (Fejão).  

Acompanhem, e venham prestigiar. Já, já estreia!

Abraços e bom findi!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Texto sobre 'El rey se muere', no blog do Em Cena


Hello, people!

O texto abaixo, sobre o espetáculo 'El rey se muere', foi escrito por nossa diretora, Desirée Pessoa, para o blog do Poa em Cena. Segue então, na íntegra:

Com o Rei, morre uma oportunidade

Num cenário com clima onírico se desenvolve a trama de El rey se muere, espetáculo uruguaio criado a partir do texto de Eugène Ionesco, no qual o personagem central (rei Berenguer) tem seu encontro com a morte marcado desde o início da peça.
Elementos cênicos cujos materiais são leves e claros nos remetem imediatamente a um tempo passado, no qual o contato com o onírico era entendido frequentemente como um acesso do homem a uma dimensão desconhecida e, mesmo, próxima do divino. Daí, creio, seja proveniente a escolha deste ambiente para a ocasião de tratar deste tão caro tema ao ser humano que é o da morte.
Com um elenco notavelmente experimentado, o espetáculo tem marcações precisas e soluções de cena bastante funcionais.


A velocidade sempre ágil da encenação é sustentada de forma competente pelos seis atores, desde a abertura da peça – constituída pela apresentação do rei Berenguer. A decisão por este ritmo que se constrói sob o olhar do espectador foi tomada, ao que pude observar, na busca pelo tempo da comédia de Ionesco. Esta, por sinal, é composta por uma estrutura muito particular. Considero o humor do autor romeno tão específico quanto difícil de ser alcançado e executado com primor. O absurdo de suas comédias precisa ser procurado nos detalhes. O texto sinaliza aos criadores, muitas vezes, por uma linguagem metafórica aquilo que poderá ser aproveitado em cena, e se faz necessário estarmos atentos às suas indicações.
Um dos principais traços da obra de Ionesco é a proposta de levar os personagens e cenas a extremos. E é aí que, em minha opinião, El rey se muere do grupo uruguaio deixa um pouco a desejar. As atuações são um misto dos estilos farsesco, naturalista e melodramático. Porém, falta brilho (na falta de palavra melhor) no desempenho – e nos olhos – dos atores. Talvez isto tenha ocorrido apenas na ocasião em que assisti, por se tratar de uma apresentação em uma noite extremamente chuvosa, com um público que não preenchia a lotação do teatro. Nunca saberei, pois eis a tão complexa fatalidade do teatro, com a qual todos nós, que a este ofício nos dedicamos, temos de lidar: ele existe de forma única a cada noite. O que passou não se resgatará jamais. Por isso não tenho como afirmar se o aparente desânimo em alguns momentos dos atores se deve às condições singulares da noite em que presenciei a obra uruguaia. O fato é que, durante a encenação, tive a sensação de que a escolha pelo exagero, condizente com o texto original, não chegou a se concretizar em alguns momentos. Existe uma proposta de busca pelos extremos a cada cena, mas por vezes não atinge seu grau máximo. As marcações são muito bem executadas pelos atores, mas nem sempre o jogo acontece. As cenas não apresentam grandes surpresas de uma para a outra, então não vi também evolução na encenação.
O conflito cênico se estabelece a partir da evidência da morte do rei: este já não tem direito ao seu poder e não consegue se conformar. Neste personagem aparecem questões humanas de grande valor, e nisto consiste um dos dois maiores méritos do espetáculo: a validade de seu tema. A ruína, a caminhada rumo ao fim e o desejo de deixar um legado são abordados de forma comovente em alguns momentos. Da rainha à empregada, todos acusam Berenguer de suas injustiças enquanto governou. Em instantes já o estão tratando com glórias demasiadas (muitas delas nem mesmo verdadeiras dentro da ficção estabelecida), devido à hipocrisia que socialmente prevalece frente à morte de alguém. Enquanto isso, o moribundo pergunta à sua corte (e em verdade não querendo enfrentar a crueldade da resposta): “Por quanto tempo vão lembrar-se de mim?”. Complexa e comovente abordagem.
O segundo (e fundamental) mérito do espetáculo é o momento em que, sob meu ponto de vista, o acontecimento teatral atinge seu ápice na encenação criada. O ponto alto do espetáculo é a reflexão sobre o fardo do poder, significativamente trabalhada pelas palavras “isto não és tu”, tão bem ditas por Carla Moscatelli a Roberto Bornes. É neste momento em que o discurso aborda questões como imagem e máscaras que se vê o teatro que a atriz sabe fazer com excelência: até sua respiração consegue nos comover.
Paradoxalmente, a cena mais forte é exatamente o ponto mais frágil da encenação, pois é aí que percebemos que talvez a decisão inicial possa ter sido equivocada. O teatro que a grande atriz sabe fazer de melhor é outro, que não o estilo de peça adotado pela trupe. Anne Bogart diz que a escolha é sempre um ato de violência, no teatro. Afirma, no entanto, que esse ato violento é uma condição necessária para todos os artistas. Fico pensando, após assistir El rey se muere, o quanto, por vezes, sem consciência, mergulhados em nossos processos, somos fragilizados por nossa própria sensibilidade artística. Naquele que considero o melhor momento desta peça, ela nos revela a oportunidade que perdemos de assistir uma montagem de excelência, não fosse a escolha feita.
Simbolicamente, o grande clímax do espetáculo é justamente neste estilo tão diverso daquele em que o todo se desenvolve: quando o rei se vê abandonado por todos, é a primeira esposa a única que o acompanha no fatídico momento. Com a mão estendida, é ela que o conduz à morte. É o momento mais intimista desta obra. O silêncio eleva a plateia e a suspende. Há apenas uma luz recortada. O restante do palco, todo o tempo muito iluminado, agora é invadido por uma escuridão sombria. Aprecio este momento, especialmente, e volto satisfeita para casa.

*Desirée Pessoa é diretora de teatro e atriz. 
Diretora do Grupo Neelic e mestre em Artes Cênicas pela UFRGS

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um pouco de Caravaggio



Gente, matéria sobre Caravaggio, que queremos compartilhar com vocês, pois achamos bem rica:



Na pintura A Conversão de São Paulo, uma encomenda para a igreja romana Santa Maria del Popolo, finalizada em 1605, um imenso cavalo se impõe como o elemento principal na tela diante do santo caído ao solo, os braços estendidos para o animal. Um incidente raio de luz estabelece contrastes de claro-escuro num cenário desprovido de Deus, de anjos ou de paisagem. Estupefato pela profanidade do quadro, um prelado local interpelou o autor: “Por que você colocou o cavalo no meio e são Paulo no chão? Este cavalo é Deus?” O artista respondeu: “Não, mas ele está na luz de Deus”.


A Conversão de São Paulo



A divindade geradora da luminosidade pictórica, nesse caso, nasceu de parto natural em 1571, em Milão, batizado de Michelangelo Merisi, mais conhecido como Caravaggio. Suas obras são exibidas pela primeira vez no Brasil: em maio estiveram em Belo Horizonte, na Casa Fiat de Cultura, e chegam agora ao Museu de Arte de São Paulo, o Masp, em São Paulo. A tela acima mencionada, ainda hoje exposta na capela em que foi instalada, é apenas uma das ilustrações de sua genialidade. O pintor levou ao extremo a evolução do chamado chiaroscuro, técnica convertida no DNA de sua produção ao longo da breve carreira – abruptamente encerrada por uma febre alta em 1610, aos 39 anos, quando estava já condenado à morte por envolvimento em diversos delitos – e inspiradora de mestres como o holandês Rembrandt (1606-1669). A forte oposição entre luz, sombras e penumbras, usada de forma sistemática, aliada ao realismo manifesto, constituiu a marca de sua plasticidade, em íntima relação com uma linguagem dramática. Na prática, o artista pintava em ambientes sombrios, com modelos e objetos mergulhados na obscuridade, aclarados por uma única fonte de luz vertical procedente do alto, formando um tipo de cave iluminada por um respiradouro. Isso resulta na abolição da luminosidade “universal”, comum até então, e na irradiação de uma luz dirigida e precisa, geralmente originada do canto superior esquerdo da moldura.

Caravaggio também teria feito uso de um sistema de câmera escura, com lentes e espelhos para a projeção das imagens sobre as telas, estimulado pelo filósofo e cientista Giovanni Battista della Porta, autor de A Magia Natural (1558), hipótese sustentada pelo artista britânico David Hockney. O crítico de arte francês Manuel Jover, um estudioso de Caravaggio, endossa: “Os historiadores estão cada vez mais convencidos disso. Mas ele não é o único e nem foi o primeiro. Já era uma prática em Leonardo da Vinci (1452-1519) e, provavelmente, nos pintores primitivos flamengos. Caravaggio se serviu desse expediente para acentuar a semelhança com a realidade na superfície dos objetos e dos corpos e também para ajudá-lo na reconstituição da cenografia”.


Medusa Murtola (1597)
Limbo

O fotógrafo e diretor norte-americano David LaChapelle defende que Caravaggio montava suas pinturas como fotografias. “Foi um fotógrafo antes da fotografia”, definiu certa vez. Já o cineasta norte-americano Martin Scorsese acredita que o pintor “teria sido, sem dúvida, um grande diretor de cinema”. Como exemplo, citou a própria A Conversão de São Paulo: “Ele escolhe um momento, não o absoluto do início da ação, e o espectador se vê imerso na cena. Funciona como uma mise-en-scène em um filme: poderoso e direto”. Mas nem sempre foi assim. Caravaggio permaneceu em uma espécie de limbo artístico até ser recuperado no início do século 20. O famoso historiador de arte italiano Roberto Longhi é considerado o maior responsável por essa redescoberta do pintor para o mundo, a quem apelidou de “mestre das trevas”. Segundo Longhi, Caravaggio colocou “em circulação a pintura mais revolucionária, talvez, de toda a história da arte sagrada”. Em sua definição, o claro-escuro caravaggista é um “fotograma poético”.

A recuperação do prestígio de Caravaggio deu-se no período em que a fotografia e o cinema ampliaram suas ambições artísticas. Para o crítico Manuel Jover, a coincidência é mais sutil do que determinante. “Não diria que ele é um precursor da fotografia, mas suas preocupações revelam que há uma relação: o fato de querer representar um instante preciso do drama, como se fosse um congelamento da imagem. Ele parava a ação em seu instante mais dramático, significativo e intenso.”

As razões para o seu temporário esquecimento estão, de acordo com os especialistas, em sua rejeição e seu menosprezo pelo academicismo reinante. Sua abordagem, contraditória com a era do classicismo, da antiguidade e com os nobres capítulos da mitologia, era condenada pelo sistema dominante na Europa. Caravaggio recorria ao homem da rua, a prostitutas, enfim, a um casting popular para servir de modelo em suas composições de temas sagrados. Uma das principais amostras dessa heresia é A Morte da Virgem, de 1605-1606, motivo de escândalo na época pela representação mundana da Virgem sagrada, o ventre inflado, inspirada na imagem de uma prostituta morta afogada e resgatada do rio.


Realismo e teatralidade

Ainda na questão do método propriamente dito, acredita-se que Caravaggio se distingue da grande maioria de seus contemporâneos por não adotar o desenho prévio às pinceladas na tela, o que influi diretamente no produto final (no início de julho especialistas italianos anunciaram a descoberta de uma centena de desenhos que o artista poderia ter realizado na juventude, mas nada foi confirmado ainda). Todas as decisões relacionadas à obra – o volume, a luz, as cores, a matéria, a composição – eram feitas em uma só ação. “Isso explica também um pouco da intensidade representativa e subjetiva”, acrescenta Jover.

O realismo e a teatralidade de suas telas, contraditórios e complementares, expressados no vigor de seu claro-escuro, confundem-se com sua turbulenta vida pessoal, caracterizada por violência e impulsividade. Arruaceiro, excessivo, Caravaggio amargou muitas prisões e, em 1606, tornou-se um fugitivo, condenado à pena capital após ter ferido de morte com uma espada o nobre Ranuccio Tomassoni, em uma disputa por causa de um jogo. Como analisa Manuel Jover: “Sua pintura nasce também dessa vivência trágica. Seu marcado claro-escuro, brutal e violento, contribui para a dramatização de sua pintura, que contém os aspectos contrastados, tenebrosos, de sua existência. O que dizer do quadro David e Golias (1609-1610), em que David segura a cabeça de Golias com um olhar incrível de carinho para a sua vítima? Ainda mais quando se sabe que a cabeça de Golias é um autorretrato de um homem perseguido, condenado à morte?” .

Texto de Fernando Eichenberg, correspondente do jornal O Globo em Paris, encontrado no site da revista Bravo: http://bravonline.abril.com.br.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

19 de setembro - dia do teatro


Gente, o texto abaixo foi postado no Facebook pelo perfil Dona Heliodora (um personagem de ficção criado por Felipe Barenco), em virtude de hoje ser o dia do teatro. Achamos muito pertinente e resolvemos divulgá-lo aqui, pois sabemos que tem pessoas que não usam o Facebook, e achamos que este texto deve ser lido pelo maior número de artistas e apreciadores da arte possível.

Abraços!



"O DOGMA DO MERDA.

Prezados atores e dramaturgos; prezados profissionais do teatro:

Não vamos mais pedir esmola. Este é um relato de como se encontra o teatro carioca em 2012 e não coloco a culpa no governo, na TV nem nos empresários. A culpa, desconfio e lamento, é do próprio “povo do teatro”. E não
 estou falando da culpa cristã, essa que promete um Salvador e o caminho dos céus, eu me refiro a sua responsabilidade como artista pelos rumos da sua profissão.

Era uma vez um povo que se acostumou a trabalhar de graça, a viver de favor, a ser submisso. Um povo que foi domesticado a receber sempre com muita gratidão e humildade um apoio, o prato de comida na noite de estreia, um desconto camarada durante a temporada. Infelizmente, esse povo que trabalha (e muito!), se acostumou a se nivelar por baixo.

Era uma vez um povo crítico, observador, treinado a perceber cores na realidade que escapam aos olhos da maioria de seus irmãos. Esse povo, com antenas conectadas naquilo que parece imperceptível, e capaz de produzir questionamentos sobre nosso jeito de ser e de se comportar, esse povo então batizado como “artista”, é muito conformado.

Era uma vez um monte de gente jovem, com seus vinte e poucos anos, trinta e poucas primaveras de sonhos, utopias e necessidades de transformar o mundo. Essa é a história de um povo criativo, bastante egocêntrico mas muito criativo, que nasceu inspirado a interpretar nossa existência e mostrar para o restante do “povo comum” que nas entrelinhas da vida existe drama, existe fantasia e que o nosso combustível para viver é o conflito.

Gostaria de contar para vocês a história de um povo apaixonado pelo que faz. Que tem dificuldade em enxergar na própria profissão um trabalho, que sobe no palco pela primeira vez cheio de ideologias e discursos prontos, que se sente ofendido e muitas vezes surpreso quando é pago pelo que faz. Pelo que ele faz muito bem.

É a fábula de um povo muito bacana e gentil que não deixa de prestigiar os amigos. De um povo que lota todos os teatros e que mesmo sabendo das dificuldades em se levantar um espetáculo, criou o “convite amigo”. Para que ele próprio, o “povo do teatro”, não reconheça o valor de seu trabalho. Ou para que não enfrente o pior dos pesadelos: uma plateia vazia.

O povo do teatro quer trabalhar a todo custo. Alega que é movido pela paixão. Trabalha não por compulsão ou doença, mas por uma necessidade política muito fundamental do ser humano: a vontade incontrolável de falar. De compartilhar. De perguntar sem a obrigação de responder. Alguns consideram-se mais especiais que os outros e ao invés da generosidade, disseminam vaidade. Outros, por não se sentirem tão importantes assim, por falta de possibilidade, desistem no meio do caminho. E desistir, meus caros amigos, não é vergonha. Não se deixem levar por discursos românticos de que o verdadeiro artista, o verdadeiro ator, não pode desistir de sua profissão. Não somos escravos do teatro.

Quantos de vocês não conhecem alguém que ficou para trás? Quantos de nós já não pensamos em desistir? Quantos talentos promissores não foram desperdiçados, quantas possibilidades não foram devastadas pela nossa falta de postura e união? Quantas almas criativas não foram enterradas diante da desesperadora e justa necessidade de chegarmos aos 30, 35 anos com um pouquinho de qualidade de vida?

O povo do teatro é um povo muito covarde. Covarde porque ele aceita qualquer coisa, porque ele se acostumou a produzir com o medo de não fechar as portas, de não perder os contatos, de não “se queimar”. Covarde por aceitar que empresas patrocinem seu trabalho como se fizessem um favor.

Infelizmente, os maiores sacrificados são os próprios artistas. Mesmo quando alguns poucos são beneficiados com o sonho do patrocínio, descobre-se que aquela empresa que fez o favor de “dar o dinheiro para bancar o seu sonho” vai depositar a parcela tão batalhada… um mês depois da sua estreia!

Os atores, a ALMA de qualquer espetáculo, e que exceto o público são a única presença verdadeiramente indispensável para que o teatro aconteça, são os últimos a receber. Os dramaturgos, os primeiros a trabalhar sem a menor garantia que um dia verão o seu texto encenado. A culpa não é dos produtores. Inclusive, eles trabalharão horas a fio para inscrever seu projeto na lei, para captar alguma grana por fora, para convencer o empresário que "aquilo é bom".

Só que estamos caminhando para o colapso. Quando qualquer classe de trabalhadores se sente agredida e desrespeitada, busca-se uma articulação, algum tipo de união e debate, alguma atitude. Os funcionários fazem greve. Assistimos, em poucas semanas, a greve de funcionários da cultura, a greve de professores, a greve de funcionários dos Correios e agora a greve de bancários
E os artistas, como se defendem? Como esse povo que é apaixonado pelo que faz entrará em greve com o amor? Vocês serão capazes de paralisar essa energia movida pela paixão, tão cafona, tão vítima e tão melodramática, para assumir o verdadeiro papel de heróis? Serão capazes de se transformar ao longo da jornada?

Queremos ser heróis trágicos, vítimas massacradas por escolhas infelizes e por uma batalha desigual com os deuses. Nossa maior desmedida não é o engano; nosso erro trágico é passar por cima e fingir que essas são as regras do jogo. Que é melhor jogar calado do que desistir. Já que para cada um que não trabalha de graça, uma centena trabalhará.

Vou apresentar a vocês o “povo da música”. Dizem que eles só entram no processo quando existe dinheiro. Assim como o “povo da técnica”, aquele responsável por operar o som que embala os atores ou a luz que não os deixará no escuro. O povo da música, quando trabalha de graça, exige no mínimo um instrumento para ser tocado. Os atores não. Eles aceitam ensaiar sem espaço adequado, aceitam ensaiar sem os objetos de cena, os atores aceitam não receber. Os atores aceitam. Aceitarão, no futuro, as indicações de alguns diretores despropositados que não sabem o que estão fazendo. Aceitarão o patrocínio que entra com meses de atraso. Aceitarão qualquer trabalho em qualquer constrangedor programa de TV para que possam pagar as suas contas no final do mês. E fazer o seu teatro, graça a Deus.

Os cenógrafos serão obrigados a fazer um cenário que caiba numa mala, os figurinistas terão que operar milagres em algum brechó da cidade, os iluminadores terão que ser inventivos usando velas, lanternas e um abajour e todo aquele montante do patrocínio vai pagar o banner, a assessoria de imprensa e sua estreia se resumirá a uma estética que impera no teatro carioca: palco vazio e um banquinho de madeira. Como é que um espetáculo que recebe 200 mil estreia assim? O dinheiro é destinado a pagar os profissionais. E pagar mal. O orçamento fica apertado e sobra muito pouco para o projeto em si. Nosso teatro se resume a uma mala, com toda a ironia que a palavra carrega.

Quantos artistas anônimos transbordando de talento, mas cheios de falta de sorte ou sem os devidos contatos, não morrerão sem viver o calor de uma temporada cheia?

Povo do teatro! Não vamos aceitar quietos e sermos pagos três meses depois! Aceitar é um verbo antiteatral por princípio. É um verbo que acaba com o conflito. E o que percebemos, angustiados com o povo do teatro, é que temos aceitado tudo com medo, com receio de não trabalhar mais. Não vamos trocar nosso trabalho por um prato de comida nem por um pedaço de pano. Não vamos nos deixar levar pela promessa de pagar nossas contas de janeiro apenas em abril. Ou então, prezado povo do teatro, vamos assumir que somos apaixonados e medíocres.

Por falta de união e por pura preguiça, nos tornamos invejosos e recalcados com quem trabalha na TV. Nos tornamos uma classe desesperada que perdeu a classe, que perdeu a fineza de se colocar de igual pra igual com um patrocinador.

Quando se é jovem, quando não se é ninguém, é muito bom desfrutar da importância de ser “desimportante”. De não levar os discursos tão à sério e enxergar por trás de um manifesto apaixonado e radical, cheio de inconsequências e desmedidas, um suspiro de sinceridade. E carinho, muito carinho, com esse tal “povo do teatro”. Afinal, se nem todos são do teatro, todos nós somos o povo.

Assumir esse desconforto não é uma maneira de dizer que o teatro faliu. Não é um manifesto pessimista. Não é apologia ao “não vale a pena”. É só a história do único povo do mundo que passa fome para alimentar a alma dos outros. Nunca foi tão emblemático gritar “Merda” antes de cada apresentação, mas no pé que estamos, sugiro que o grito seja dado no final, sempre que a plateia estiver vazia.

O povo do teatro enfrenta seu maior desafio. Já que ele não é pago pelo que faz, ficou refém do elogio."

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Dona Heliodora é um personagem de ficção criado por Felipe Barenco e este manisfesto não tem qualquer relação verídica com a opinião da célebre crítica Barbara Heliodora - por quem o autor tem profundo respeito e admiração. Por favor, não reproduza este texto sem os devidos créditos e esclarecimentos.