sexta-feira, 1 de julho de 2011

Crítica de Antonio Hohlfeldt e Estreia do Primeiro Amor HOJE!!! Muitas emoções!!!

Gentem,

o dia hoje começou intenso, já!

Com crítica excelente sobre o trabalho do Neelic no Jornal do Comércio e estreia do espetáculo Primeiro Amor à noite! São muitas emoções para um grupo de pessoas sensíveis e de coração aberto para o mundo, hehehe.

Bem, assim, abaixo está a crítica.
Sobre o Primeiro Amor, já sabes: hoje, 20h, no Teatro Bruno Kiefer (Casa de Cultura). Até dia 24 de julho.

Te esperamos.




Notícia da edição impressa de 01/07/2011

"Ionesco revisitado


A massificação não é um tema novo para o teatro. Mas provavelmente o dramaturgo romeno de expressão francesa, Eugène Ionesco, tenha sido dos primeiros a se dar conta do fenômeno e expressá-lo em uma de suas peças. Casualmente, uma daquelas mais populares, embora em Porto Alegre tenham se passado muitos anos sem que ela fosse encenada. Refiro-me a O rinoceronte, que o grupo Neelic estreou no final do ano passado e reapresentou, recentemente, na sala 504 da Usina do Gasômetro. Pela importância do texto, fui conhecer o espetáculo, indiferentemente do fato de se tratar de uma montagem “estudantil”, porque incluindo uma turma de jovens alunos do grupo. Foi a direção de Desirée Pessoa que me interessou. Essa diretora vem explorando, com bastante criatividade, sobretudo porque circunscrita a alguns poucos elementos cênicos, a dramaturgia chamada “do absurdo”, composta por textos de Beckett e Ionesco, dentro outros e, de outro lado, a dramaturgia b rasileira, com textos de Nelson Rodrigues, como a nova estreia do grupo.

Em O rinoceronte, um grupo ainda jovem de atores - composto por Adriano Valduga, Adriana Moraes, Barbara Amaral, Bruno Fernandes (que faz o principal personagem, Berenger, nome reiterado pelo dramaturgo em várias de suas peças, como uma espécie de representante do próprio dramaturgo e, por consequência, da humanidade consciente), Carlos Araújo, Cecília Suñé, Clau Fertsch, Thiago Oliveira) - vive os moradores de uma pequena cidade interiorana da França, quando, numa manhã de domingo, são surpreendidos pelo aparecimento de um e, logo depois, de um bando de rinocerontes. Logo, descobrirão que os próprios moradores transformam-se nos pesados e aterradores paquidermes, com o que se encerra a obra.

A diretora Desirée Pessoa optou por uma simbiose entre uma montagem essencialmente apoiada no ator e alguns poucos elementos técnicos para a cena. Assim, o uso das projeções de imagens, selecionadas e trabalhadas por Suelen Gotardo, é uma boa iniciativa, sobretudo a primeira, quando da aparição do rinoceronte, quando a imagem é distorcida. Também a trilha sonora, trabalhada ao vivo por Simone Bianchini, é outro bom achado, porque acentua o ritmo da encenação. O elenco deve ser pensado enquanto conjunto, e os elementos cênicos, com destaque para as máscaras dos animais, de Carlos de Los Santos, dinamizam o trabalho, ajudando a ultrapassar as ainda evidentes carências do elenco, com raras exceções, já que o grupo melhora sobretudo quando deixa de gritar e passa a falar com naturalidade.

A opção da direção de Desirée Pessoa enfatiza o non sense do diálogo de Ionesco. Assim, a simplicidade e a linearidade do trabalho fortificam o texto, levando-o ao absurdo de sua sinalização. Ao mesmo tempo, Desirée Pessoa fez uma boa simbiose entre uma encenação realista com outra farsesca, justamente de modo a sublinhar esta perspectiva do texto de 1958 de Ionesco, o que alcança com bons resultados. A iluminação de Adriano Ramon é adequada, funciona a contento e complementa com eficiência a projeção de imagens, apresentando os diferentes climas da encenação.

Sem ser um grande espetáculo, o trabalho tem a vantagem de atualizar a uma plateia jovem, que lotou absolutamente as dependências da sala 504, o que é mérito do grupo, num momento em que o teatro local anda meio às moscas. A continuidade do Neelic, aliás, bem como o cadastramento dos visitantes, espetáculo após espetáculo, tem trazido este resultado positivo para o grupo.

Assim, por todos estes motivos, enquanto boa parte dos grupos locais e nacionais mais se preocupa com espetáculos leves e de puro divertimento, o grupo Neelic, sem abrir mão da alegria e da risada, propõe algumas reflexões ainda oportunas e candentes."