Gente,
Nossa dica da semana é uma exposição que tá rolando lá no Gas, sobre a África contemporânea!
Abaixo tem todas as informações e datas/horários da programação.
Abraços!
ALÉM DO APARTHEID
NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA
Essencialmente sincrética e miscigenada, a África do Sul destaca-se do “continente esquecido” como uma sociedade emergente em termos culturais, políticos e econômicos. À fusão racial promovida pelo colonialismo holandês e britânico entre os séculos XVII e XIX e os terríveis anos do Apartheid, somou-se a atual imigração originada em nações vizinhas, como o Zimbabue, fazendo do país um tabuleiro cultural cuja intrincada trama promoveu a assunção de uma cena artística contemporânea extremamente consistente e criativa. Para dar visibilidade a este movimento, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre inaugura no próximo dia 27 de março, às 19h, uma nova programação em dois espaços na Usina do Gasômetro, Além do Apartheid – Raça, Sexo e Política na África Contemporânea, que inclui uma exposição na Galeria Lunara (5º andar) e uma mostra de 11 filmes na Sala P. F. Gastal (3º andar).
Foto de David Goldblatt |
A EXPOSIÇÃO
A exposição coletiva que ocupa a Galeria Lunara traz pela primeira vez a Porto Alegre uma pequena mas significativa mostra da arte produzida na África do Sul, seja por sul-africanos ou mesmo por imigrantes vizinhos lá residentes ou tornados conhecidos por galerias daquele país. A mostra inclui nomes consagrados como William Kentridge (já conhecido dos porto-alegrenses por sua participação na Bienal do Mercosul) e David Goldblatt, a jovens expoentes como Dan Halter, Jodi Bieber e Kudzanai Chiurai, passando por Nontsikelelo Veleko, Athi-Patra Ruga e Cameron Platter.
Segundo o Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da SMC, Bernardo José de Souza, “a produção artística da África do Sul cresce em qualidade e visibilidade, ao lado de nações igualmente emergentes como a brasileira, a chinesa, a muçulmana, a hindu e a russa, mas diferentemente da nossa produção, porém, a deles possui caráter eminentemente político, não no sentido aviltante da arte política, e sim no de uma arte cujos frutos estão embebidos em política, justamente por se originarem no altruísmo e não no refresco da alienação”.
MOSTRA DE FILMES
Entre os dias 27 de março e 8 de abril, a Sala P. F. Gastal recebe uma mostra reunindo 11 títulos, entre trabalhos ficcionais e documentários, incluindo obras assinadas por diretores africanos e títulos que abordam o tema do Apartheid na África do Sul e as relações das nações colonialistas européias com o continente africano. A mostra tem o apoio da Cinemateca da Embaixada da França do Rio de Janeiro e da MPLC.
Programação:
Pessoas Classificadas (Classified People), de Yolande Zauberman (França, 1987, 60 minutos). Filmado clandestinamente na África do Sul, este filme denuncia as fendas sociais e afetivas causadas pelo Apartheid. Em 1948, a vida de Robert, que acreditava ser branco, balança. Ele é classificado como mestiço, e sua mulher e seus filhos, que "continuam brancos", o renegam. Ele refaz sua vida com Doris, que é negra, e juntos eles nos contam, com humor e cumplicidade, sua história trágica. Exibição em DVD.
A Comissão da Verdade (La Commission de la Vérité), de André Van In (França, 1999, 138 minutos). Chegar a uma sociedade realmente democrática; eis a tarefa da "Comissão para a Verdade e a Reconciliação", instituída na África do Sul por Nelson Mandela. Composta por 17 membros sob a conduta de Monseigneur Desmond Tutu, esta comissão será retransmitida em todos o país pelos grupos ditos "Khulumani" ("Libere a voz"). Ela vai reunir, durante um pouco mais de um ano, vítimas, perseguidores e testemunhas do Apartheid para trazer a verdade sobre o passado. O diretor recebeu autorização de acompanhar, durante toda a sua duração, este inacreditável processo que ajudou a reformular a nação. Exibição em DVD.
A Última Sepultura em Dimbaza (Dernière Tombe à Dimbaza, de Nana Mahamo) (França/África do Sul, 1972, 55 minutos). Filmado clandestinamente na África do Sul em 1972, este documentário desvenda a política do Apartheid. Ele descreve as condições de vida inumanas dos negros no país, onde falar sobre o Apartheid já levaria à prisão. Dimbaza era um destes guetos de confinamento com seu cemitério de crianças mortas por desnutrição. Em muitas das imagens da época, Nana Mahamo reconstitui as diferentes etapas da colonização européia na África do Sul. Exibição em DVD.
Bal Poussière, de Henri Duparc (França, 1988, 91 minutos). Semi-Deus, rico fazendeiro de uma cidade da Costa do Marfim, possui cinco mulheres. Ele decide se casar com uma sexta. Dessa forma, ele terá uma mulher para cada dia da semana, e no domingo ele descansará e recompensará aquela que se comportar melhor. Mas com Binta, a nova esposa, moça moderna e esclarecida, os conflitos não tardam a acontecer. Exibição em DVD.
Kodou, de Ababacar Makharam (França/Senegal, 1971, 89 minutos). Uma garota, Kodou, se submete a uma prática antiga de tatuagem ao redor da boca particularmente dolorosa. Ela se enfurece no meio da cerimônia, ofendendo assim gravemente as tradições seculares da vila. Desde então, a garota confinada por quarentena vai enlouquecer. Desamparada, sua família se deixa convencer de levá-la para um hospital psiquiátrico dirigido por um médico europeu, o que não surte efeito. Seus pais decidem então submeter Kodou a uma prática de exorcismo tradicional. Exibição em DVD.
Rostos de Mulheres (Visages de Femmes), de Désiré Ecaré (França, 1984, 105 minutos).No interior da Costa do Marfim, Nguessan, casada com um homem que ela não ama, se encanta com o irmão mais novo de seu marido que vem da capital. Uma outra camponesa, Fanta, também é apaixonada pelo rapaz e para se defender de seu marido ciumento ela aprende karatê. Em Abidjan, Bernadette, uma mulher inteligente, dirige um estabelecimento de poções, mas ela se dá conta de que sua vizinhança aproveita muito pouco dos benefícios que ela faz. Três retratos que mostram a luta cotidiana de mulheres africanas para obter um lugar justo dentro da sociedade. Exibição em DVD.
Eu e Meu Branco (Moi et Mon Blanc), de Pierre Yameogo (França/Burkina Faso/Suécia, 2003, 90 minutos). Mamadi, estudante de Burkina Faso, e Frank, jovem francês, trabalham como vigias noturnos num estacionamento. Através das telas do equipamento de segurança acompanham as idas e vindas, a prostituição e o tráfico de drogas que acontece entre o movimento dos automóveis. Uma noite, Mamadi descobre um embrulho abandonado, com drogas e dinheiro, e decidem ficar com ele. Nessa aventura, cada um deles vai descobrir o mundo do outro. Exibição em DVD.
Abouna, de Mahamat Saleh Haroun (França/Chade, 2002, 81 minutos). Tahir, de 15 anos, e Amine, de 8, descobrem ao acordar que seu pai foi embora misteriosamente. A frustração é maior, porque naquele dia, ele devia ser árbitro do jogo de futebol entre os garotos do bairro. Decidem portanto sair à sua busca pela cidade, em todos os lugares em que ele costumava ir. Cansados, acabam se refugiando em salas de cinema, onde um dia acreditam reconhecer seu pai na tela. Exibição em DVD.
O Preço do Perdão (Le Prix du Pardon), de Mansour Sora Wade (França/Senegal, 2001, 90 minutos). Um espesso nevoeiro cobre há vários dias uma aldeia da costa sul do Senegal, e impede as pirogas de entrar no mar. O velho religioso da aldeia está moribundo e não pode executar os ritos. Seu filho de 20 anos, Mbanik, ganha a confiança da população e cativa a jovem Maxoye. Mas seu sucesso desperta a inveja de Yatma, seu amigo de infância. Exibição em DVD.
Assassinato Sob Custódia (A Dry White Season), de Euzhan Palcy (EUA, 1989, 97 minutos). Ben du Toit (Donald Sutherland) é um professor na segregacionista África do Sul dos anos 1970. Consciente da realidade do seu país, na qual os negros são assassinados sem o menor motivo e os assassinos são protegidos pelo regime dominante, ele resolve enfrentar o sistema. Exibição em DVD.
Um Grito de Liberdade (Cry Freedom), de Richard Attenborough (Inglaterra, 1987, 157 minutos). A tensão e o terror presentes na África do Sul do Apartheid são vivamente retratados nesta arrebatadora história dirigida por Richard Attenborough sobre o ativista negro Stephen Biko (Denzel Washington) e um editor jornalístico branco liberal que arrisca a própria vida para levar a mensagem de Biko ao mundo. Depois de travar contato com os verdadeiros horrores do Apartheid através dos olhos de Biko, o editor Donald Woods (Kevin Kline) descobre que o amigo foi silenciado pela polícia. Determinado a não deixar que a mensagem de Biko seja abafada, Woods empreende uma perigosa fuga da África do Sul para tentar levar a incrível história de coragem de Biko para o mundo. Exibição em DVD.
GRADE DE HORÁRIOS
Primeira Semana
27 de março (terça-feira)
17:00 – Assassinato Sob Custódia
28 de março (quarta-feira)
19:00 – A Comissão da Verdade
29 de março (quinta-feira)
17:00 – A Última Sepultura em Dimbaza
19:00 – Um Grito de Liberdade
30 de março (sexta-feira)
15:00 – O Preço do Perdão
17:00 – Abouna
19:00 – Eu e Meu Branco
31 de março (sábado)
17:00 – Bal Poussiére
19:00 – Kodou
1º de abril (domingo)
15:00 – Rostos de Mulheres
17:00 – Eu e Meu Branco
19:00 – Pessoas Classificadas
Segunda Semana
3 de abril (terça-feira)
15:00 – O Preço do Perdão
17:00 – Abouna
4 de abril (quarta-feira)
15:00 – Eu e Meu Branco
17:00 – Kodou
5 de abril (quinta-feira)
15:00 – Bal Poussiére
17:00 – A Última Sepultura em Dimbaza
6 de abril (sexta-feira)
15:00 – Abouna
17:00 – Pessoas Classificadas
7 de abril (sábado)
15:00 – Assassinato Sob Custódia
17:00 – Kodou
8 de abril (domingo)
15:00 – Abouna
17:00 – Eu e Meu Branco