terça-feira, 3 de abril de 2012

Nossas Influências: Odin Teatret

Mais um post sobre nossas influências de trabalho! Neste, trazemos um pouquinho sobre a Antropologia Teatral e a prática do Odin Teatret, dirigido por Eugenio Barba. Boa leitura!


"A Antropologia Teatral, e o conjunto de práticas cênicas associadas a este campo, definem o que Eugênio Barba chamou de Terceiro Teatro. 

Para o Odin Teatret, o teatro se constitui em dois extremos: de um lado, o teatro institucional, protegido e subvencionado pelos valores culturais alojado, principalmente, na lógica da indústria do divertimento e, por outro lado, o teatro de vanguarda, experimental, de pesquisa, que procura uma originalidade, defendendo-se em nome de uma superação necessária da tradição, aberto para o que de “novo” ocorre nas artes e na sociedade. 

O Terceiro Teatro seria então uma terceira vertente, a zona teatral que vive à margem desses dois teatros, fora dos grandes centros culturais, e se aloja na periferia. Por definição de Barba “um teatro de pessoas que se definem atores, diretores, homens de teatro, quase sempre sem terem passado por escolas tradicionais de formação ou pelo tradicional aprendizado teatral, e que, portanto, não são ao menos reconhecidos como profissionais” (BARBA, 1994 p.143). 

O Terceiro Teatro não se pautaria pelas leis de oferta e procura que caracterizam o mercado, nem estaria orientado pelo gosto corrente, buscando assemelhar-se ao padrão do teatro comercial. O Terceiro Teatro, pela força de um trabalho contínuo, buscaria estabelecer um espaço próprio, que seria propício ao grupo independente, e estaria fundamentado no respeito das diferenças. 



"O que parece definir o Terceiro Teatro, o que parece denominador comum entre grupos e experiências tão diferentes, é uma tensão dificilmente definível. É como se as necessidades pessoais, às vezes nem formuladas a si mesmo – ideais, medos, múltiplos impulsos que se manteriam opacos – quisessem se transformar em trabalho, com uma postura que externamente é justificada como um imperativo ético, não limitado à profissão, mas estendido à totalidade da vida cotidiana. Este é o paradoxo do Terceiro Teatro: mergulhar-se, como grupo, no círculo da ficção para encontrar a coragem de não fingir" (BARBA, 1991, p.144)."

In: EUGÊNIO BARBA E O TEATRO DE GRUPO, Valéria Maria de Oliveira (Atriz/pesquisadora do Grupo Porto Cênico, docente da Universidade do Vale do Itajaí, membro da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas - ABRACE).